PIGMENTAÇÃO

05/05/2022

  A pigmentação é um processo de formação de pigmentos normais ou patológicos, em certos locais do organismo. Ela pode ser de origem exógena, geralmente quando o pigmento é inalado, ou endógena, quando o pigmento é sintetizado pelo nosso próprio organismo. O acúmulo ou a falta de produção destes pigmentos geram doenças caracterizadas por hiperpigmentação e hipopigmentação patológica, respectivamente. Os pigmentos produzidos pelo nosso corpo são: melanina, derivados da Hemoglobina e lipofuscina, e os exógenos estão geralmente relacionados a inalação de substâncias inorgânicas como a sílica, sais de carbono, asbesto, entre outros, causando severa injúria ao sistema respiratório.

ANTRACOSE

  A antracose, causada pela inalação constante e prolongada de sais de carbono, é considerada uma doença ocupacional, atingindo especialmente trabalhadores de minas, devido à sua grande exposição. Quando inalado, o carbono é fagocitado pelos macrófagos alveolares e transportado, por meio de canais linfáticos, para os linfonodos regionais na região traqueobrônquica, causando uma intensa inflamação crônica no sistema respiratório. Os agregados desse pigmento, formado pelos sais de carbono, escurecem os linfonodos e o parênquima pulmonar.



(4x) Parênquima pulmonar desorganizado, com a luz alveolar alterada em alguns pontos (cabeças de setas vermelhas). Presença de sais de carbono com coloração escura/negra (círculos pretos) e  vários vasos congestos (estrelas verdes).



(10x) Espessamento dos septos interalveolares (círculos pretos) devido a presença de colágeno (estrela amarela mostra o processo fibrótico nos septos). Além disso, observa-se a presença de um vaso congesto (estrela verde) e próximo a ele vemos alguns pigmentos antracóticos, também observa-se a presença de infiltrado inflamatório misturado com células necróticas (círculo vermelho).




(10x) Desorganização do epitélio do bronquíolo associado com células necróticas e infiltrado inflamatório (círculos azuis). Observa-se também regiões de fibrose (estrela amarela), vasos congestos (estrela verde) e regiões em que a luz alveolar é vista, entretanto com contornos alterados (arredondado) devido ao aumento dos septos alveolares (cabeças de setas vermelhas).




(40x) Acúmulo de sais de carbono (círculo preto), desorganização do epitélio do bronquíolo associado com restos de células necróticas (círculo azul), e áreas com fibrose na presença de fibloblasto e excesso de colágeno (estrela amarela).

SILICOSE

  A silicose é uma doença causada a partir da inalação de sais de sílica, considerada  também como uma doença ocupacional, que ocorre normalmente após décadas de exposição, caracterizada então por uma inflamação crônica e potencialmente fibrogênica ao sistema respiratório. A presença dos nódulos silicóticos, fibrogênicos é uma característica morfológica marcante desta doença e torna o sistema respiratório com severo dando funcional.




(4x) Desorganização do parênquima pulmonar, evidenciado pela presença de um intenso processo fibrótico (estrelas amarelas) que desencadeia a formação do nódulo fibrótico/silicótico (círculo azul). Infiltrado inflamatório associado com restos de células necróticas (círculo vermelho).




(10x) Infiltrado inflamatório associado a células necróticas (círculo vermelho). Pequenos focos hemorrágicos  (estrelas vermelhas);  exsudato (cabeças de setas amarelas), resultante do extravasamento de plasma, Nódulo fibrótico/silicótico (semicírculo azul), achado característico da silicose.



(40x) Presença de sais de sílica (círculos pretos), que se apresentam com coloração dourada/amarelo claro, área hemorrágica onde aglomerados de hemácias se encontram destacados (estrelas vermelhas). Presença de exsudato (cabeças de setas amarelas), resultante do extravasamento de plasma composto por proteínas (por isso a coloração rosada/eosinofílica).



(40x) Aglomerados de sais de sílica (círculo preto), que devido uma maior concentração, se apresentam com coloração ligeiramente mais escura que seu dourado/amarelo claro comumente observado. Hemorragia (estrelas vermelhas). Presença de exsudato (cabeças de setas amarelas).

HEMOSSIDEROSE

  A hemossiderina é um pigmento granular derivado da hemoglobina, este pigmento se acumula em tecidos onde há excesso de ferro, seja este local ou sistêmico. O ferro normalmente armazenado no interior das células em associação com a proteína apoferritina, forma as micelas de ferritina. Quando aumenta a demanda de ferro no organismo a ferritina transforma-se em  hemossiderina, que é vista como um pigmento refringente.



(4x) Estrutura bem conservada de um fígado. A tríade portal (retângulo preto) é composta por um ducto biliar, uma vênula portal, e uma arteríola hepática. Ao centro da imagem, destaca-se uma veia centro-lobular (seta vermelha).



(10x) Por toda a extensão do tecido nota-se a presença evidente de pigmento castanho escuro denominado hemossiderina (setas azuis). Próximo ao centro da imagem, nota-se uma veia centro-lobular (seta vermelha), parte normal da estrutura do fígado.



(40x) Grande quantidade do pigmento hemossiderina espalhado por toda a área capturada do tecido hepático. O pigmento que apresenta coloração amarelada a castanho-dourado pode estar localizado intracelularmente (setas amarelas), e entre as células/intercelular (setas vermelhas). Devido a refringência deste pigmento, quando observado ao microscópio, sua visualização apresenta leves variações de acordo com a movimentação do micrômetro.

LIPOFUSCINA

  A lipofuscina é um pigmento caracterizado como marcador de desgaste celular. Trata-se de um material intracelular granular, castanho-amarelado, que se acumula em vários tecidos, particularmente no coração, fígado e cérebro. A lipofuscina é constituída por complexos de lipídios e proteínas que derivam da peroxidação catalisada por radicais livres, dos lipídios polinsaturados de membranas subcelulares, ou seja, tal pigmentação ocorre devido o acúmulo de proteínas e lipídeos oxidados, estando associada com a peroxidação lipídica na célula (ROBINS, 2013). Desse modo, a lipofuscina é decorrente do próprio corpo, mas é gerada principalmente em situações patológicas.




(10x) Parênquima normal e organizado do miocárdio, com fibras bifurcadas (cabeças de setas vermelhas) formando sincícios.



(40x) É possível observar a clara presença do pigmento lipofuscina (círculos vermelhos), que se apresenta no geral de forma perinuclear (próximo ao núcleo) nas células cardíacas em corte longitudinal. O mesmo é um pigmento bem discreto, sendo refringente, e tendo coloração castanho-amarelada.




(40x) Corte transversal do músculo cardíaco, na presença do pigmento lipofuscina com coloração castanho-amarelado (círculos vermelhos).

PIGMENTO MELÂNICO

  A melanina é um pigmento endógeno, preto-acastanhado, que é sintetizada pelos melanócitos localizados na epiderme. A mesma atua como protetor contra a radiação ultravioleta prejudicial (ROBINS, 2013). Em situações de hiperpigmentação ocorre uma maior produção de melanina, que pode desencadear várias condições clínicas, entre elas o melanoma. No melanoma há perda de controle na proliferação celular, de modo que tais células (os melanócitos) podem cair na circulação sistêmica e atingir outros órgãos (metástase). 



(4x) Parênquima pulmonar organizado, dando destaque para a estrutura característica do pulmão, como bronquíolos propriamente ditos no canto superior direito (seta amarela) e sáculos alveolares (estrela azul). Mesmo no menor aumento consegue-se notar a presença de grumos amarronzados, sendo estes os melanócitos carregados de melanina (setas vermelhas).



(10x) Leve espessamento dos septos interalveolares (círculos azuis), além de ser possível observar a presença do pigmento melânico produzido pelos melanócitos (setas vermelhas) proveniente de uma metástase, considerando que o pulmão nao possui melanócitos.



(40x) Presença de melanócitos neoplásicos, que não conseguem liberar a melanina produzida, logo a mesma acumula-se intracelularmente, dando origem ao pigmento melânico (setas vermelhas). Além disso, observa-se congestão nos capilares dos septos (setas azuis)sendo um fenômeno característico de ocorrer em neoplasias), inclusive é o "meio de chegada" desses melanócitos neoplásicos no pulmão (já que são oriundos de uma metástase).


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