LESÕES CELULARES
As lesões celulares são alterações morfofuncionais das células e tecidos frente a algum estímulo, fisiológico ou patológico. Essas lesões podem ser categorizadas em dois estágios: LESÃO REVERSÍVEL, onde ocorre alterações bioquímicas com o acúmulo de determinadas moléculas que a célula possui, como: água, proteína, glicogênio e lipídeo, e as alterações morfofuncionais que ocorrem são revertidas com a remoção do estímulo; e LESÃO IRREVERSÍVEL, onde os danos causados à célula, frente ao estímulo são tão intensos que culminam na morte celular.
LESÕES IRREVERSÍVEIS
As lesões irreversíveis são divididas em necrose e apoptose. A NECROSE é uma morte celular patológica, em que acarreta um processo inflamatório. Ocorre lise da membrana plasmática e autólise. Morfologicamente o núcleo apresenta-se em picnose, cariorrex ou cariólise com intensa eosinofilia do citoplasma. A necrose pode ser causada por: isquemia, exposição a substâncias tóxicas, infecções ou traumas. A APOPTOSE é uma morte celular programada e enzimaticamente regulada por caspases, na ausência de inflamação. Ocorre a dissolução do núcleo, fragmentação da célula sem perda completa da integridade da membrana plasmática, formando os corpos apoptóticos, reconhecidos facilmente pelos macrófagos para sua rápida remoção. A apoptose é causada na maioria das vezes por condições fisiológicas e é importante para determinadas funções do organismo, como, por exemplo, durante o desenvolvimento embrionário.
APOPTOSE
NECROSE
Necrose Caseosa
A NECROSE CASEOSA tem como representante patológica a tuberculose. O termo "caseoso" vem da aparência a fresco de "queijo friável esbranquiçada" na região de necrose. Neste tipo de necrose o agente etiológico, a Micobactéria, induz um grande infiltrado inflamatório, caracterizado pelo granuloma, onde vários macrófagos podem se fundir apresentando-se na forma de gigantócitos.
(40x) Gigantócito (círculo preto), presente no centro de um granuloma, repleto de células inflamatórias, dentre elas a célula epitelióide (seta preta).
(40x) Gigantócito (estrela preta), célula epitelióide (retângulos vermelhos) e área de granuloma (círculo preto).
Necrose de Coagulação
A NECROSE DE COAGULAÇÃO tem como principal causa a isquemia. Essa lesão é caracterizada por uma intensa desnaturação protéica, comprometendo enzimas e proteínas estruturais, impedindo o processo de autólise de forma rápida, preservando assim, a morfologia tecidual por algum tempo.
(10x) Córtex renal com glomérulo bem preservado (seta preta). Túbulos com restos necróticos no seu lúmen (círculo preto).
(40x) Túbulos renais com restos necróticos (estrelas) e presença de hemorragia (seta preta).
Necrose de Liquefação
A NECROSE DE LIQUEFAÇÃO apresenta-se como uma massa viscosa líquida que é resultante da digestão das células mortas. Tem como etiologia infecções bacterianas ou fúngicas. O material necrótico pode apresentar-se amarelo-cremoso devido à presença de leucócitos mortos (pus).
LESÕES REVERSÍVEIS
As lesões reversíveis, também conhecidas por degenerações, são classificadas de acordo com a maior concentração do constituinte celular, são elas: degeneração gordurosa ou esteatose (lipídeo), hialina (proteína), hidrópica (água) e glicogenose (glicogênio). A ação de algum agente etiológico promove alterações bioquímicas na célula que levam ao acúmulo desses constituintes, causando alteração morfofuncional de forma reversível enquanto permanecer o estímulo.
Esteatose Hepática
A ESTEATOSE é caracterizada como um acúmulo de triglicerídeos dentro de células parenquimatosas, sendo as causas para esteatose hepática o abuso de álcool, doença hepática gordurosa não alcoólica e a desnutrição proteica. Tem como morfologia, em parte das células, um núcleo preservado e deslocado para a periferia e a presença de vacúolos de gordura.
(40x) Degeneração gordurosa do tipo microgoticular (círculos pretos). Degeneração gordurosa macrogoticular (quadrados pretos).
(10x) Parênquima hepático esbranquiçado (estrela preta). Cordões hepáticos em processo de degeneração (retângulo preto). Imagem de baixo mostra um zoom na região dos cordões hepáticos.