DISTÚRBIOS CIRCULATÓRIOS

08/08/2022

  Os distúrbios circulatórios consistem em alterações circulatórias que acometem a irrigação sanguínea, e por consequência comprometem a hemostasia. O termo hemostasia compreende o conjunto de mecanismos que tem como objetivo manter o sangue de forma fluida dentro do vaso, ou seja, manter o fluxo sanguíneo em equilíbrio.

  O fluxo sanguíneo regular recebe o nome de fluxo laminar, onde as partículas maiores, como leucócitos e hemácias circulam pelo centro, e outras como as plaquetas e o plasma pela periferia. Quando há alguma perturbação que promove a quebra do fluxo laminar, como por exemplo uma lesão endotelial, distúrbios circulatórios podem ser originados.

(distúrbios: edema, hiperemia, hemorragia, isquemia, infarto, trombose, choque e embolia).


HEMATOMA

  Em uma situação de hematoma, o distúrbio circulatório envolvido é a hemorragia, a qual consiste no extravasamento de sangue do espaço vascular para o extravascular. A hemorragia é denominada como hematoma quando está contida dentro de um tecido.



(4x) Grande quantidade de sangue extravasado (seta azul), caracterizando uma hemorragia. Presença de tecido adiposo (estrelas verdes), músculo estriado esquelético (seta amarela) e do epimísio envolvendo os conjuntos de feixes musculares (setas vermelhas). Os pequenos pontos escuros consistem no pigmento hemossiderina (círculos pretos).



(10x) Sangue extravasado (seta azul) atingindo a região de tecido adiposo (estrelas verdes). É possível observar a presença de hemossiderina nesse tecido (cabeças de setas vermelhas)



(40x) Em maior aumento é possível ver com mais detalhes a grande quantidade de hemossiderina presente nos adipócitos (cabeças de setas vermelhas).




(40x) Presença de exsudato plasmático (retângulo preto) decorrente da hemorragia. É possível ainda observar mais detalhadamente a presença do pigmento hemossiderina. 


CONGESTÃO PULMONAR

  Em uma situação de congestão pulmonar, o distúrbio circulatório envolvido é a hiperemia, nesse distúrbio há um aumento de volume sanguíneo no interior dos vasos, que pode se apresentar de duas formas: hiperemia ativa e hiperemia passiva.

  A congestão consiste na forma passiva da hiperemia, e é provocada pela redução na drenagem venosa, gerando uma congestão na microcirculação venosa. Esse distúrbio ocorre nas situações em que o retorno venoso se torna deficiente, como por exemplo na insuficiência cardíaca, levando a um acúmulo de hemoglobina desoxigenada com consequente distensão das veias e vênulas.



(4x) Órgão preservado, com luz alveolar conservada (cabeças de seta azuis). Presença de alguns vasos congestos (estrelas amarelas). 




(4x) Parênquima pulmonar preservado, com a luz alveolar conservada (cabeças de setas azuis). Presença de vasos congestos em dois diferentes cortes, corte longitudinal (estrela preta), e corte transversal (estrela amarela).




(10x) Presença do pigmento hemossiderina (cabeças de seta vermelhas) próximo aos septos. Um vaso congesto (estrela amarela) encontra-se centralizado na imagem. 




(10x) Espessamento da pleura decorrente da presença de colágeno (setas pretas). Abaixo dessa camada se encontram diversos vasos congestos (estrelas amarelas).




(40x) Com mais detalhes é possível ver a congestão dos vasos capilares (estrelas pretas). Junto às hemácias nota-se a presença de pequenos pontos escuros que se tratam do pigmento hemossiderina (cabeças de seta vermelhas). Observa-se também uma área com exsudato plasmático (círculo preto) liberado devido a congestão dos vasos. A luz alveolar se apresenta preservada (cabeças de seta azuis).


ÊMBOLO SÉPTICO

  A embolia corresponde à ocorrência de qualquer elemento estranho (seja ele sólido, líquido, gasoso ou tumoral) que é capaz de obstruir um vaso distante do seu ponto de origem, alterando o fluxo laminar.

  Quase todos os êmbolos representam uma parte de um trombo desalojado, por isso o termo tromboembolismo é frequentemente utilizado. Além disso, vale salientar que os êmbolos se alojam em vasos muito pequenos causando oclusão vascular parcial ou total, gerando como consequência a necrose isquêmica do tecido distal.



(4x) Êmbolo séptico bem delimitado (círculo preto), formado devido a presença de corpo estranho. Abaixo do êmbolo nota-se o parênquima hepático danificado, com presença de hepatócitos em processo de necrose (círculos azuis).



(10x) Com o êmbolo séptico em maior aumento observa-se o seu centro necrótico (estrela amarela), e sua borda calcificada (cabeças de seta vermelhas). É possível observar ainda a presença de infiltrado inflamatório (círculos vermelhos) e fibrose (estrelas verdes). Na margem inferior esquerda da captura nota-se o parênquima hepático danificado, com presença de hepatócitos em processo de necrose (círculos azuis).




(40x) Hepatócitos em processo de necrose (estrelas verdes), com áreas hemorrágicas (cabeças de seta vermelhas) e presença de hemossiderina (setas amarelas).


INFARTO AGUDO DO MIOCÁRDIO

  Para entender uma situação de infarto é preciso antes saber um pouco sobre isquemia. A isquemia corresponde à diminuição do suprimento sanguíneo em um tecido, a qual pode ocorrer devido uma obstrução da luz vascular. Uma isquemia pode gerar como consequência um infarto, que por sua vez consiste em uma área de necrose tecidual decorrente de uma isquemia prolongada.

  Dessa forma, um infarto corresponde a uma área de necrose tecidual isquêmica causada por obstrução do suprimento vascular para o tecido afetado.
  Em um infarto agudo do miocárdio (IAM), sabe-se que o nível de gravidade ou a duração da isquemia é suficiente para causar a morte de cardiomiócitos. Logo, o infarto do miocárdio consiste na morte do músculo cardíaco resultante de isquemia grave prolongada. Devido a impossibilidade do músculo cardíaco de se regenerar, os cardiomiócitos que foram destruídos sofrem substituição por colágeno, produzido pelos fibroblastos que chegam à área de lesão e formam uma cicatriz de tecido conjuntivo denso.




(4x) Área do miocárdio saudável, situação comprovada pela ausência de fibrose entre as fibras cardíacas.




(4x) Presença de intensa fibrose (estrelas amarelas) causando desorganização do parênquima. A fibrose ocorre devido à cicatrização das áreas mortas. Áreas musculares próximas à fibrose se mantém preservadas (estrelas pretas).




(10x) Área de intensa fibrose (estrelas amarelas) com consequente afastamento das fibras cardíacas (círculos pretos). Áreas musculares próximas à fibrose se mantém preservadas (estrelas pretas).




(40x) Presença de fibras cardíacas sem núcleo (setas pretas) devido à necrose gerada pela isquemia, em contraposição com fibras ainda nucleadas (setas amarelas). É possível observar também a presença do pigmento lipofuscina (cabeças de seta vermelhas) que pode indicar a possibilidade do paciente ter idade avançada.


INFARTO ESPLÊNICO

  Os infartos são classificados com base em sua cor, a qual reflete a quantidade de hemorragia presente, assim como pela presença ou ausência de infecções microbianas. Desse modo, os infartos podem ser definidos como: vermelhos (hemorrágicos) ou brancos (anêmicos) e, ainda, sépticos ou brandos. Os infartos brancos ocorrem com as oclusões arteriais em órgãos sólidos com circulações endarteriais (p. ex.: coração, baço e rim), e onde a densidade tecidual limita o escoamento do sangue dos leitos vasculares patentes adjacentes. Tipicamente, os infartos resultantes de oclusões arteriais em órgãos sem circulação dupla se tornam progressivamente mais pálidos e bem definidos com o tempo.



(4x) Arquitetura do baço preservada sendo possível observar a sua cápsula fibromuscular (seta preta), as trabéculas (setas amarelas), a polpa branca (estrela preta) e polpa vermelha (estrela amarela).




(4x) Observa-se parte da polpa branca do baço e destaca-se a sua arteríola central (círculo preto).



(4x) Arquitetura do baço preservada. Presença de polpa branca (círculo preto) com arteríola central (seta amarela), e polpa vermelha (círculo vermelho) que contribuem na identificação do órgão.




(4x) Observar polpa branca (à esquerda da linha preta) caracterizada por sua coloração mais escura devido aos folículos linfóides, e vermelha (à direita da linha preta). Os fragmentos de coloração mais rosada ao longo da lâmina são chamados trabéculas (círculos vermelhos), todos esses detalhes são característicos ao órgão. 




(40x) Área de necrose das células da polpa vermelha (círculo preto). Ao lado encontra-se uma área de morte de hemácias convencional ao órgão (quadrado preto).




(40x) Região de necrose (estrelas amarelas) como na imagem anterior.


INFARTO HEMORRÁGICO DO PULMÃO

  Os infartos são classificados com base em sua cor, a qual reflete a quantidade da hemorragia presente, assim como pela presença ou ausência de infecção microbiana. Assim, os infartos podem ser definidos como: vermelhos (hemorrágicos) ou brancos (anêmicos) e, ainda, sépticos ou brandos. Os infartos vermelhos ocorrem com as oclusões venosas, em tecidos frouxos, onde o sangue pode se acumular em zonas infartadas; assim como em tecidos com circulações duplas, como pulmão.



(4x) Completa desorganização do parênquima pulmonar com áreas de hemorragia (círculo vermelho) e necrose (retângulo preto).




(40x) Presença de intensa fibrose (círculo preto), bem como áreas de hemorragia (estrelas amarelas)

TROMBO ARTERIAL

  A trombose consiste na solidificação dos componentes sanguíneos dentro dos vasos. As três principais influências que levam à formação de trombo são: (1) lesão endotelial, (2) anormalidade do fluxo sanguíneo e (3) hipercoagulabilidade do sangue, chamada de tríade de Virchow.

  • A lesão endotelial é a influência dominante, esta por si só pode levar a um quadro de trombose, devido ao comprometimento do endotélio vascular que levará a ativação dos fatores pró-coagulantes da cascata de coagulação.

  • A Anormalidade do fluxo sanguíneo ocorre devido a uma lesão endotelial, que faz com que o fluxo sanguíneo deixe de ser laminar (fluxo normal), e passe a ser um fluxo anormal, por meio de uma turbulência ou estase. Ou seja, a estase e a turbulência rompem o fluxo laminar do sangue. Enquanto as turbulências contribuem para a trombose arterial, o fator principal no desenvolvimento do trombo venoso é a estase.

  • A Hipercoagulabilidade, quando comparada às demais influências, tem menor contribuição para o surgimento de trombos, entretanto, é um componente importante, sendo definida como qualquer alteração das vias de coagulação que predispõem a trombose.

  Com base nisso é possível dizer que os trombos podem se desenvolver em qualquer parte do sistema cardiovascular. 

  As principais causas de um trombo branco ou arterial são aneurisma ou anomalias congênitas em átrios e ventrículos.



(4x) Artéria trombosada, constituindo um trombo arterial, com a presença das linhas de Zahn, formadas por áreas de coloração mais avermelhada, compostas por hemácias (estrelas pretas), intercaladas com áreas de coloração mais pálida, compostas por leucócitos, plaquetas e fibrinas (estrelas amarelas).



(40x) Linhas de Zahn observadas mais de perto: áreas de coloração mais avermelhada, compostas por hemácias (estrelas pretas); intercaladas com áreas de coloração mais pálida, compostas por leucócitos, plaquetas e fibrinas (estrelas amarelas).

TROMBO VENOSO

  O trombo venoso também é chamado de trombo vermelho (por conter mais hemácias). A principal causa do trombo vermelho ou venoso é a insuficiência cardíaca.



(4x) Plexo hemorroidário com veias trombosadas. Notam-se áreas com predominância de leucócitos, plaquetas e fibrinas (estrelas amarelas); assim como a área central mais avermelhada em decorrência de um maior número de hemácias (estrela preta)




(4x) Epitélio de revestimento do ânus - estratificado pavimentoso (seta azul)




(4x) Mucosa retal com epitélio cilíndrico simples. Presença de glândulas de Lieberkunh (setas pretas) presentes no epitélio, e algumas criptas (setas azuis).





(10x) Veia trombosada. Áreas ricas em hemácias (estrelas pretas) e áreas com maior concentração de leucócitos, plaquetas e fibrinas (estrelas amarelas) formam as linhas de Zahn.



(10x) Área edemaciada (estrela azul), rodeada por vários vasos congestos (estrelas amarelas).

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